domingo, 21 de setembro de 2014

SOBRE AS ELEIÇÕES (qualquer uma delas)

De um professor certa vez escutei, "votamos na pessoa a qual nós mais nos identificamos. Inconscientemente com quem mais nos parecemos" e de um amigo publicitário a seguinte frase, "contra sentimento não há argumento".

E afinal, generalizando, é isso mesmo o que acontece em todas as eleições, nós nos identificamos com um candidato e ele é o melhor, e pronto! Não adianta um milhão de argumentos.
E, do meu ponto de vista, posso me referir às incompetências e corrupções do PSDB ou do PT, das chances desperdiçadas por eles (para falar das principais campanhas, e aí já começo a puxar a brasa para minha sardinha) que muitos já estão convictos a votar no Aécio e na Dilma, contra todos os argumentos possíveis (relembrando, do meu ponto de vista).

Me posicionando, a decisão do meu voto surgiu em 2010, quando acreditei de fato que Marina Silva falava, agia e inspirava confiança. Isso acontecia desde que era Ministra do Meio Ambiente. Desde então venho tentando ao máximo ser racional na defesa da candidatura dela e não há o que me faça confiar em Dilma ou Aécio. Esse país é mal gerido há muito tempo!!!
Tenho simpatia e confiança pela Luciana Genro, que inclusive é do partido qual sou filiado, mas eu e ela sabemos que a campanha dela é apenas propositiva, para contribuir no debate, não deixando passar em branco todas as incongruências dos candidatos "medalhões", inclusive as da Marina.

As eleições me enchem de esperança, não em um salvador da pátria, mas na troca do condutor. Daquele que deverá servir de modelo para a maioria dos cidadãos. Daquele líder que poderá, através do seu exemplo (como José Mujica, no Uruguai, que não aceita privilégios ou Gandhi, que vivia o que falava), inspirar atitudes decentes na população e, o que mais espero, lutar de verdade contra a corrupção, egoísmo e vaidade dos gestores públicos.

Também tenho plena consciência que enquanto nós, povo, não mudarmos nossa postura (não querendo vantagens e privilégios, não furando fila, não subornando um funcionário público, não cometendo pequenas fraudes que ainda consideramos perdoáveis), não há Presidente, Governador ou Prefeito que resolva.

Agora faltam duas semanas para as eleições e prevejo muito desespero, por parte de quem não quer largar o poder ou de quem está hipnotizado por ele. Só torço para que consigamos nos manter equilibrados até o fim desse pleito.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

FLORESTA = ÁGUA

Faz algum tempo que escutamos que a água será motivo de guerra no futuro, pois então, o futuro chegou. Já estamos vendo a “guerra” jurídica e midiática que e o estado de São Paulo está travando com o estado do Rio de Janeiro pela água do Rio Paraíba do Sul (sem contar algumas regiões do Brasil que travam essa batalha há muitos anos e os crescentes conflitos ignorados na África).
Aqui em nossa região temos visto os partidários simpáticos à gestão do governo do estado, dizendo que o Rio de Janeiro está sabotando São Paulo, não permitindo o uso que pretende do Paraíba do Sul. Por sua vez, a mídia carioca, simpática ao seu governo diz que São Paulo quer sabotar o Rio de Janeiro. Por trás disso tudo estão os próprios governos estaduais defendendo seus “objetivos”.
Quando os técnicos (não partidários) falam percebemos que nem São Paulo, nem o Rio de Janeiro e tampouco o governo federal, têm cumprindo com suas obrigações de gestão. Segundo afirmou Márcio Pereira, especialista em meio ambiente para a Exame Meio Ambiente: "As nossas agências reguladoras deveriam fazer a mediação de conflitos, mas esse papel ainda não foi implementado. Cabe ao governo fazê-lo. É o processo de integração entre diferentes politicas que está faltando. O setor elétrico tem uma política, o setor de resíduos tem outro, o de água tem outro, assim fica difícil". Ou seja, o que sempre falo: planejamento não é o nosso forte.
Recentemente a Deutsche Welle publicou uma matéria com dados da S.O.S. Mata Atlântica relacionando o desmatamento ao agravamento da crise hídrica de São Paulo, apresentando, inclusive, dados de experiências realizadas. Mas o que é obvio para os ambientalistas, chamados de “eco-chatos”, não parece óbvio para a administração pública, preocupada com números e a manutenção do poder. O desflorestamento de 70% na região do Sistema Cantareira, ou seja, a diminuição das florestas próximas ao principal fornecedor de água da região metropolitana contribuiu diretamente para o acelerar da crise e seca nos reservatórios.
Os números são importantes (queda da criminalidade, índices de aprovação, número de casas populares construídas, ruas asfaltadas etc.), a manutenção de poder pode ser importante, se tratamos de um bom governo. Mas qualquer plataforma de governo deve colocar o meio ambiente em lugar de destaque, concorrente com as prioridades da região. Será que o desespero de última hora é que vai pautar as ações no meio ambiente nesse país? Às vezes devemos parar e pensar se estamos avançando ou “inchando”, diminuindo assim as chances de reverter o quadro futuramente.
Recentemente a Alemanha nos deu uma lição em campo, mas é interessante refletir que eles vêm dando lições de sustentabilidade ambiental e de organização há muito tempo. Angela Merkel, (a Chanceler, equivalente à Presidente ou Primeiro Ministro) líder respeitada e admirada mundialmente, antes de ascender a posição mais importante daquele país, foi Ministra do Meio Ambiente. Essa é a importância que um país desenvolvido dá ao meio ambiente.
Voltando ao nosso país e a nossa região, a crise da água em São Paulo só não está sendo debatida e causando tanta preocupação porque estamos em campanha eleitoral, e todo mundo sabe o que acontece nesse período.
De acordo com estudos recentes a crise no abastecimento de água não se deve apenas ao calor recorde e ao menor índice de chuvas já registrado nos últimos 84 anos. Especialistas defendem que o desmatamento em bacias hidrográficas contribui para diminuir a quantidade e a qualidade das águas, tanto superficiais quanto subterrâneas. Isso é gravíssimo!
Diante destes dados o que nós cidadãos podemos fazer? Existe toda a campanha contra o desperdício, que é totalmente pertinente, porém eu sugiro, em primeira importância, atenção aos poucos remanescentes de florestas que ainda temos em nossa região, os quais estão sendo aos poucos e sorrateiramente destruídos.
Rio Paraíba do Sul. Foto: Alexandre Ramos


segunda-feira, 28 de julho de 2014

A ORGANIZAÇÃO BRASILEIRA

Reparemos o quanto de impostos pagamos. Se numa simples conta de telefone comercial no valor de R$ 175,51 (incluso serviço de internet) pagamos os seguintes impostos, com os seguintes valores:

ICMS: R$ 40,23;
ISS: R$ 0,73;
PIS: R$ 1,05 + R$ 0,24;
COFINS: R$ 4,83 + R$ 1,11.

Entre impostos Federais (PIS e COFINS), Estadual (ICMS) e Municipal (ISS) é pago R$ 48,19 (referente aos R$ 175,51). Esses valores devem ser revertidos em serviços públicos, para falar só o básico, em Educação, Segurança e Saúde.
Como falava Joelmir Beting, "...e agora, para pensar na cama":
Nós recebemos serviços públicos de qualidade? O poder público administra bem esse volume imenso de dinheiro que pagamos?
Parece chover no molhado falar esse tipo de coisa, mas algo precisa ser feito coletivamente.

Em repetidas conversas com amigos e oportunidades em que colocamos esses disparates é comum surgir que a solução seria uma guerra civil e até a famosa "jogar uma bomba em Brasília". Não acho que seja esse o caminho, muito pelo contrário. (Sobre jogar uma bomba em Brasília que seja só uma figura de linguagem, absurda, diga-se). Isso instalaria um caos sem volta no nosso já desorganizado país.

Não concordo com nenhum tipo de violência. Logo, um dos caminhos seria a desobediência civil, já experienciada em grandes eventos mundiais, envolvendo países e povos. Mas fico pensando o quanto os criadores de caos poderiam se apropriar da situação.

Nessa linha, imaginando que pudéssemos nos organizar e realmente materializar um movimento de desobediência civil, o primeiro momento seria realmente o plano do caos, com a mídia comercial caçando os "culpados" e o estado colocando seus braços armados (outros irmãos explorados) para reprimir todos os movimentos. Isso já acontece, inclusive sem um grande movimento organizado.


O grande lance é que precisamos nos organizar, mudar o modelo de pensamento, deixarmos de ser manipulados, buscar a verdade e o cumprimento do papel do estado (se queremos um estado).

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Jesus está na mensagem...


Fora o papo religioso, que conseguiram transformar em piegas (e acho que isso também faz parte do plano), a HISTÓRIA de Jesus é formidável. Quem não crê no Cristo, deveria ao menos saber da história de Jesus de Nazaré, como pesquisador de história ou como curioso, que seja.


Enfim, estou pensando aqui que há cerca de 2000 anos, num domingo como este que passou, Jesus de Nazaré entrava em Jerusalém, reverenciado, depois de ter feito uma revolução notável, confrontando dogmas, poderes e toda uma forma de pensar. Chocou trazendo uma mensagem de Amor, perdão, de simplicidade e humildade. Que foi traído, não por Judas Iscariotes, pois todos sabiam onde Jesus estava, mas pelas estruturas religiosas e pela ameaça que ele era ao poder (controlador e do conhecimento, qual muitos usavam).

E hoje, tanto tempo depois, nós ainda não entendemos (ou não queremos entender), não assimilamos nada da mensagem e continuamos nessa cirandinha que vivemos, tentando acumular bens, sendo egoístas, uns com medo dos outros, vaidosos, violentos e maldosos, competindo.


O que me ocorre é que a grande maioria das pessoas nem se dá conta, mas vive em função de seguir padrões criados por alguém, ou alguma coisa. Que tornaram (está instituído) importante o TER e não SER (isso é batido, mas é igual àquela placa qual você passa por ela todo dia, nem dá bola, pois já sabe o que está escrito... Mas também não pratica). Que vida é essa? Não percebemos que é tudo passageiro? Que o dinheiro e qualquer tipo de poder são efêmeros? Que o corpo que vivemos tem um fim mas que talvez nossa alma (consciência, mônada, espírito...) não tenha e que desta forma carregaremos apenas o nosso aprendizado e conhecimento?



Muito obrigado Jesus! Quero seguir sua mensagem!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Meu Blog é neutro em CO2

Muito se ouve falar sobre Mercado de Carbono, Crédito de Carbono, Carbono Neutro etc., porém poucas pessoas sabem exatamente para que serve.
Sabemos que certas algas e as árvores atuam absorvendo o Gás Carbônico (ou Dióxido de Carbono) na natureza, produzido pela queima de combustíveis fósseis, pelos humanos, pelas indústrias. Mas com a desflorestação e queda na qualidade das águas dos oceanos corremos o risco do volume de CO2 produzido ser maior que a capacidade dos elementos que o absorvem, causando assim um desequilíbrio no ecossistema, contribuindo para o aumento do aquecimento global (sendo que o CO2 é um dos gases do efeito estufa).
Quando se planta árvores ou se conserva florestas estamos fazendo com que esse equilíbrio seja mantido, ou, em certas vezes, até reconstituído, pelo nível de desflorestamento que estamos vendo.
Dentre diversas iniciativas existe uma chamada Gesto Verde (http://www.guiato.com.br/meioambiente/blog-neutro-co2/participe-deste-gesto/) que planta uma árvore a cada vez que alguém coloca o selo da campanha no Blog ou Site (no meu Blog está na parte direita).
Se você tem um Blog ou um Site é fácil participar e contribuir para que mais árvores sejam plantadas, veja as instruções no link do Gesto Verde. Caso você não tenha, plante árvores e incentive a prática, a saúde do planeta ganha com isso!

domingo, 20 de outubro de 2013

O CONSUMO E O MEIO AMBIENTE

Ano a ano temos acompanhado a divulgação de relatórios ambientais sobre as condições do planeta Terra, feitos por respeitados órgãos e por organizações não governamentais que atuam com o tema do Meio Ambiente. Esses relatórios nos trazem informações sobre os recursos naturais que estão diminuindo, sobre a degradação da natureza pelos humanos e sobre o nosso impacto negativo no Meio Ambiente.
Vinicius Carvalho
Desde 1972, primeira reunião das Nações Unidas sobre o tema específico do Meio Ambiente, estamos recebendo alertas sobre nosso consumo desenfreado e a consequente degradação do planeta. Mesmo assim poucas atitudes efetivas são tomadas para diminuirmos ou, para os mais confiantes, zerarmos o impacto negativo do consumo humano na natureza.
Todo o impacto gerado é consequência do nosso consumo de produtos. Seja no consumo de combustível, que transporta todos os outros produtos (poluição do ar, esgotamento das reservas de combustível fóssil), seja no consumo de carne (desmatamento de florestas para cultivo de gado e produção de metano pelos animais) ou em outros produtos manufaturados que consomem madeira, plástico, metal ou qualquer minério (muitas vezes associados à contaminação do solo e da água).
A maioria absoluta das pessoas quando perguntadas se se importam com o Meio Ambiente diz que sim, mas, de fato, poucos de nós sabemos como realmente agir para a manutenção de um melhor Ambiente.
A verdade é que sempre esperamos que apenas os governos façam alguma coisa, resolvendo assim todos os problemas e que nosso compromisso com o Meio Ambiente se resume, muitas vezes, a plantar uma árvore ou a reciclar as embalagens dos produtos que compramos.
Particularmente, cada vez mais, por experiências e também por influência de alguns autores humanistas e anarquistas, acredito que a sociedade é capaz de ditar seus rumos, com influência mínima ou nenhuma (quem sabe um dia) dos governos. Para isso teremos que nos educar muito mais, com certeza.
Talvez quando passarmos a acreditar que está em nós (e não só nos governos) a capacidade de fazer um mundo melhor, aí começará a verdadeira revolução. Quando por exemplo, pararmos para prestar atenção em cada item que compramos e percebermos que ali, naquele momento da compra, está um gatilho, um acelerador ou o controle, quem sabe assim começaremos a diminuir os impactos negativos no planeta.
 É certo que precisamos consumir uma gama de produtos para o nosso conforto e para nosso dia a dia. Utilidades das quais muitos de nós já não consegue viver sem, porque hoje o nosso estilo de vida se tornou dependente de muitas coisas, nossa economia é baseada no consumo.
Já está comprovado que no ritmo que vamos, pelo nível de consumo dos países mais ricos (incluído cada vez mais o Brasil), não haverá recursos naturais suficientes dentro de uns 50 anos.
A grande sacada e o que está ao nosso alcance para contribuir com um melhor Meio Ambiente, minimamente que seja, é o EQUILÍBRIO do nosso consumo. Sendo equilibrados em nossas compras e no uso dos recursos naturais, como a água por exemplo, já estaremos iniciando um processo que poderá tornar o Planeta Terra mais saudável e habitável por mais tempo. Com sorte e empenho poderemos reverter o quadro de destruição que vivemos e isso se faz a partir de nossas escolhas, no momento em que compramos algo.

Para quem quiser saber mais dicas de Meio Ambiente ligadas ao consumo humano também pode pesquisar nos sites www.akatu.org.br e no www.alana.org.br

(Saiba também sobre empresas que não realizam testes em animais no site do PEA: http://www.pea.org.br/crueldade/testes/naotestam.htm)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Mais um assassinato comemorado


Hoje vi estarrecido as cenas da captura e morte do ditador Muammar Gaddafi da Líbia. Mesmo com a lembrança das atrocidades cometidas por ele e por seu governo, que foram responsáveis pela morte de milhares de pessoas, aquelas cenas me chocaram muito. Penso que um julgamento e conseqüente prisão seria a pena adequada, depois de tantos anos de história “civilizada” ainda se vê a execução de uma pessoa como algo normal.
Não me sinto adequado a esse mundo em que devemos eliminar os inimigos, sacrificar vidas por dinheiro ou  poder, ou ainda: petróleo... Acredito no que Gandhi disse um dia “olho por olho e o mundo acabará cego” e afinal de contas já não estamos muito cegos? Ontem mesmo postei um texto extraordinário do escritor Moçambicano, Mia Couto, onde ele dizia “Por que razão os que hoje tentam proteger os civis na Líbia são exatamente os que mais armas venderam ao regime do Coronel Gadaffi?
Vivemos num mundo insano, pois ainda vemos líderes mundiais comemorando uma morte (os mesmos líderes das nações que financiaram o regime em alguns momentos). Quanto à morte de Gaddafi o mais comum é ouvir o famoso já vai tarde ou qualquer outra expressão de conformismo ou indiferença, que para mim são piores que as expressões de raiva.
Mas o quanto vale uma vida, mesmo a de um assassino? Como estamos lidando com o que nos incomoda? O quanto ainda não somos evoluídos para ter um sistema de reclusão, com possibilidade de reeducação de pessoas? Ainda agimos com a mesma violência em que agíamos desde o início conhecido da humanidade. Poderia ir mais adiante e perguntar, o que nos incomoda afinal, porque sabemos que uma sexta parte da população mundial passa fome e mesmo assim se investe trilhões em armamentos. Mas isso é normal.
Enquanto (nós humanidade) ainda cometermos assassinatos como o que vimos hoje ou o de Saddam Hussein, que foi executado mais tarde, vejo o quanto ainda somos atrasados, movidos pela raiva e não pela razão.
Acredito com toda minha força no valor da vida, pois é algo, além da sua complexidade e de sua beleza, que não podemos criar da mesma forma com que temos acabado com ela. Permitimos coisas horríveis movidos por raiva ou por indiferença. Estamos, nós humanidade, cegos e longe de sermos civilizados.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Murar o medo





O medo foi um dos meus primeiros mestres. Antes de ganhar confiança em celestiais criaturas, aprendi a temer monstros, fantasmas e demónios. Os anjos, quando chegaram, já era para me guardarem, servindo como agentes da segurança privada das almas. Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferença entre sentimento e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinavam a recear os desconhecidos. Na realidade, a maior parte da violência contra as crianças sempre foi praticada não por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Os fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que estamos mais seguros em ambientes que reconhecemos. Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria mais protegido apenas por não me aventurar para além da fronteira da minha língua, da minha cultura, do meu território.

O medo foi, afinal, o mestre que mais me fez desaprender. Quando deixei a minha casa natal, uma invisível mão roubava-me a coragem de viver e a audácia de ser eu mesmo. No horizonte vislumbravam-se mais muros do que estradas. Nessa altura, algo me sugeria o seguinte: que há neste mundo mais medo de coisas más do que coisas más propriamente ditas.

No Moçambique colonial em que nasci e cresci, a narrativa do medo tinha um invejável casting internacional: os chineses que comiam crianças, os chamados terroristas que lutavam pela independência do país, e um ateu barbudo com um nome alemão. Esses fantasmas tiveram o fim de todos os fantasmas: morreram quando morreu o medo. Os chineses abriram restaurantes junto à nossa porta, os ditos terroristas são governantes respeitáveis e Karl Marx, o ateu barbudo, é um simpático avô que não deixou descendência.

O preço dessa construção [narrativa] de terror foi, no entanto, trágico para o continente africano. Em nome da luta contra o comunismo cometeram-se as mais indizíveis barbaridades. Em nome da segurança mundial foram colocados e conservados no Poder alguns dos ditadores mais sanguinários de que há memória. A mais grave herança dessa longa intervenção externa é a facilidade com que as elites africanas continuam a culpar os outros pelos seus próprios fracassos.

A Guerra-Fria esfriou mas o maniqueísmo que a sustinha não desarmou, inventando rapidamente outras geografias do medo, a Oriente e a Ocidente. E porque se trata de novas entidades demoníacas não bastam os seculares meios de governação... Precisamos de intervenção com legitimidade divina... O que era ideologia passou a ser crença, o que era política tornou-se religião, o que era religião passou a ser estratégia de poder.

Para fabricar armas é preciso fabricar inimigos. Para produzir inimigos é imperioso sustentar fantasmas. A manutenção desse alvoroço requer um dispendioso aparato e um batalhão de especialistas que, em segredo, tomam decisões em nosso nome. Eis o que nos dizem: para superarmos as ameaças domésticas precisamos de mais polícia, mais prisões, mais segurança privada e menos privacidade. Para enfrentar as ameaças globais precisamos de mais exércitos, mais serviços secretos e a suspensão temporária da nossa cidadania. Todos sabemos que o caminho verdadeiro tem que ser outro. Todos sabemos que esse outro caminho começaria pelo desejo de conhecermos melhor esses que, de um e do outro lado, aprendemos a chamar de “eles”.

Aos adversários políticos e militares, juntam-se agora o clima, a demografia e as epidemias. O sentimento que se criou é o seguinte: a realidade é perigosa, a natureza é traiçoeira e a humanidade é imprevisível. Vivemos – como cidadãos e como espécie – em permanente situação de emergência. Como em qualquer estado de sítio, as liberdades individuais devem ser contidas, a privacidade pode ser invadida e a racionalidade deve ser suspensa.

Todas estas restrições servem para que não sejam feitas perguntas [incomodas] como, por exemplo, estas: porque motivo a crise financeira não atingiu a indústria de armamento? Porque motivo se gastou, apenas o ano passado, um trilião e meio de dólares com armamento militar? Porque razão os que hoje tentam proteger os civis na Líbia são exatamente os que mais armas venderam ao regime do coronel Kadaffi? Porque motivo se realizam mais seminários sobre segurança do que sobre justiça?

Se queremos resolver (e não apenas discutir) a segurança mundial – teremos que enfrentar ameaças bem reais e urgentes. Há uma arma de destruição massiva que está sendo usada todos os dias, em todo o mundo, sem que sejam precisos pretextos de guerra. Essa arma chama-se fome. Em pleno século 21, um em cada seis seres humanos passa fome. O custo para superar a fome mundial seria uma fracção muito pequena do que se gasta em armamento. A fome será, sem dúvida, a maior causa de insegurança do nosso tempo.

Mencionarei ainda outra silenciada violência: em todo o mundo, uma em cada três mulheres foi ou será vítima de violência física ou sexual durante o seu tempo de vida... A verdade é que... pesa uma condenação antecipada pelo simples facto de serem mulheres.

A nossa indignação, porém, é bem menor que o medo. Sem darmos conta, fomos convertidos em soldados de um exército sem nome, e como militares sem farda deixamos de questionar. Deixamos de fazer perguntas e de discutir razões. As questões de ética são esquecidas porque está provada a barbaridade dos outros. E porque estamos em guerra, não temos que fazer prova de coerência nem de ética nem de legalidade.

É sintomático que a única construção humana que pode ser vista do espaço seja uma muralha. A chamada Grande Muralha foi erguida para proteger a China das guerras e das invasões. A Muralha não evitou conflitos nem parou os invasores. Possivelmente, morreram mais chineses construindo a Muralha do que vítimas das invasões do Norte. Diz-se que alguns dos trabalhadores que morreram foram emparedados na sua própria construção. Esses corpos convertidos em muro e pedra são uma metáfora de quanto o medo nos pode aprisionar.

Há muros que separam nações, há muros que dividem pobres e ricos. Mas não há hoje no mundo muro que separe os que têm medo dos que não têm medo. Sob as mesmas nuvens cinzentas vivemos todos nós, do sul e do norte, do ocidente e do oriente... Citarei Eduardo Galeano acerca disso que é o medo global:

“Os que trabalham têm medo de perder o trabalho. Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho. Quem não têm medo da fome, têm medo da comida. Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras.”

E, se calhar, acrescento agora eu, há quem tenha medo que o medo acabe.
Mia Couto

domingo, 17 de julho de 2011

A lição da África (parte I)

Muito bem, depois de meses sem escrever, cá estou, dividindo mais um lampejo de pensamentos. Faz pouco mais de um mês que cheguei de Luanda, Angola, onde fui trabalhar em uma empresa que pretende construir casas populares lá. Levei comigo muitas pré-concepções do que seria realmente morar num país de língua Portuguesa e ainda na África.
Pobreza, violência, doenças sexualmente transmissíveis, malária... É (quase) tudo o que se escuta da África, mas, tirando a malária (e acrescentando-se a dengue) não é muito do que temos no Brasil? E logo que cheguei uma coisa engraçada que percebi foi alguns compatriotas se considerando melhores que os Angolanos, como se fôssemos cidadãos de primeiro mundo.
Com o passar dos dias fui sentindo a imensa falta de estrutura no país. Na empresa era raro o dia em que o gerador de energia não funcionava ou o dia em que a água chegava sem interrupção. Ficávamos sem energia praticamente todos os dias, e estávamos em Luanda (Capital). No período em que estive trabalhando tive que comprar água, que vem num caminhão pipa, diversas vezes para o alojamento e para o escritório. A internet e a comunicação por telefone também são muito precárias, não existe ligação a cobrar e o serviço de telefonia é bem caro.
Angola produz muito poucos produtos manufaturados, a maioria dos produtos que encontramos nos mercados vem da Europa ou mesmo do Brasil, por isso (também) o custo de vida é muito alto.
Aí começa a lição... Não estou certo se conseguirei descrever todo o sentimento e aprendizado que tive até agora, mas logo de cara o que percebi foi o respeito dos Angolanos por nós, nos tratando com muita educação. Depois de alguns dias percebi que essa educação e respeito não são só com Brasileiros ou estrangeiros (que muitas vezes são os chefes deles e não os tratam com o mesmo respeito), mas também existe uma educação e respeito entre eles mesmos numa relação fraternal, se ajudando uns aos outros, cuidando uns dos outros.
Vendo nossos irmãos Africanos se tratando com todo aquele respeito até arriscaria dizer que é carinho que eles tem entre si, lembrando aquela pureza e inocência que temos na nossa infância. Percebi também um respeito admirável pelos mais velhos, que são chamados de "Cota". Quando um Cota fala todos escutam!
Andando pela cidade se percebe a falta de infra-estrutura (dizem que já foi muito pior durante as guerras). Os serviços básicos, como o de saúde, são muito caros e a população na maioria é muito pobre. Tudo parece muito difícil e injusto, é chocante num primeiro olhar, mas aos poucos se percebe a força com que eles enfrentam as dificuldades. Com alegria no olhar, estão trabalhando nas ruas e nos "business" diários. Muitos e muitos Angolanos trabalham assim, vendendo coisas, desde cartões de saldo para celulares até pequenos geradores e cadeiras de praia. Tudo o que se possa carregar eles vendem nas ruas. O mais estranho que vi foi um jogo completo de sala.
Um grande erro que acredito que cometemos é medir as coisas apenas dentro dos nossos conceitos, como se tudo o que fosse diferente do que entendemos como certo ou bom estivesse errado ou ruim. É lógico que não podemos desconsiderar também alguns padrões de saúde e dignidade humanas que são indispensáveis, mas digo com respeito ao que é necessário se TER para uma vida feliz. Vi que a maioria dos meus amigos Angolanos é muito feliz com o "pouco" que tem, e o pouco deles é menos que o nosso pouco...
Essa nossa ambição de querer mais, subir na vida, ter o carro do ano (no meu caso carro é dispensável), reconhecimento das pessoas etc., não faz parte constante da vida dos Angolanos que convivi. Faz a gente repensar nossos conceitos.
Para finalizar essa primeira parte, uma das lições que tive foi valorizar ainda mais (e sempre podemos mais) a simplicidade da vida, a capacidade de ser feliz com pouco. É repetitivo, porém verdadeiro: podemos ser felizes com pouco!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Andamos para trás nas eleições

Jorge Luis Borges
Antes de tudo, é preciso que eu diga que minha primeira opção para Presidente era Marina Silva. Acreditava que ela trazia algo de novo para a discussão. Mesmo não sabendo como seria seu lido com as cobras do Congresso acreditei em sua serenidade e senti uma confiança que há muito não sentia em figuras públicas. Queria também que o Governo Federal desse uma "oxigenada", alternando o poder, trazendo sangue e idéias novas, mas nunca acreditei que o PSDB pudesse trazer esse algo novo, pra mim seria um retrocesso desastroso, além da guinada à direita.
Ontem Dilma Rousseff foi eleita Presidente do Brasil e acreditamos que ela dará continuidade ao governo Lula, com sua marca forte do social.
O governo atual está tendo o maior balanço positivo de nossa história recente. Mesmo quem conteste, basta ver todos os indicadores, os números explicarão isso e a imprensa internacional também. 
Mas quando digo "balanço" faço referência também a um termo contábil, em que se confronta o Ativo (chamaria de fatores positivos) e o Passivo (que chamaria de fatores negativos) e chegamos a um resultado, que repito, é positivo. Com isso consideramos todos os pontos negativos também do governo Lula, ao contrário dos meus amigos simpatizantes e apoiadores do Serra que só viam pontos positivos na candidatura do PSDB e nem se esforçavam para ver o lado negro do candidato e de seus aliados (Democratas, vide História do país), desconsiderando também os pontos positivos do governo de Lula. Aí repito a frase que mais falei durante esse processo eleitoral, que na verdade é de um grande amigo meu: "contra sentimento não há argumento".
Quando começaram a desconstruir a imagem de Dilma, e culpo a campanha tucana pelos resultados que explicarei, percebi que seria um processo sem volta na direção do crescimento da intolerância no nosso país.
Ontem quando cheguei em casa e dei uma olhada no Facebook a maioria dos comentários fazia referência a uma notícia de catástrofe no país, com frases e xingamentos de todos os tipos, desilusão e tristeza geral. (Não foi assim quando no começo deste ano as chuvas vitimaram milhares de pessoas pelo Brasil, inclusive em Guararema, minha cidade natal).
Esse fenômeno é fantástico, pois agora a assassina terrorista irá governar o país, não temos mais saída, é o fim do mundo. Muitos achando que o herói, garboso e incorruptível do Serra (que aliás nunca mentiu) iria salvar o país das mãos da bruxa má e do legado do presidente analfabeto. Esquecemos os conceitos e estacionamos no preconceito!
Hoje vi centenas de frases fascistas no Twiter contra os nordestinos, que na limitada visão dos autores foram quem elegeram Dilma. Vejo tudo isso com profunda tristeza, chegando a lembrar Borges quando disse, decepcionado, que não somos dignos da Democracia. Será que nos tornamos tão pequenos e atrasados assim?
Alguém se importa de verdade com as pessoas ou com o país ou é só lamentação de embalo? Existe trabalho na construção de um país maior e mais justo? O que estamos fazendo de fato, o que a sociedade está fazendo de fato?
Não vejo altruísmo, muito menos sentimento coletivo!

sábado, 21 de agosto de 2010

Dê-me a visão além do alcance!!!

Vendo a polarização PT x PSDB na campanha presidencial é que percebo o quanto somos práticos em nossas escolhas (às vezes a praticidade tem sinônimos bem negativos). Por "praticidade" acabamos fazendo as escolhas mais fáceis, que não exijam muito esforço, leitura ou percepção da REALIDADE.
No meio que frequento é mais fácil ouvir falar mal da Dilma (PT) que do Serra (PSDB), e acho que para a maioria só existe os dois mesmo e aí que entra a "praticidade" na escolha: se não quero Dilma, logo quero Serra! E por aí vai. Vamos aos pólos, aos extremos, sem pensar muito, usando nossa "praticidade" de pensamento.
Conheço a formação do PSDB e sei no que ele se transformou, conheço a formação do PT e sei também no que ele se transformou. Mas quando as pessoas aqui de São Paulo acham que o Serra será um bom presidente é que vejo essa "praticidade" nas escolhas. Me pergunto se São Paulo se tornou um Estado melhor depois da passagem dele pelo governo ou se o município melhorou depois que ele foi Prefeito? Consideremos ainda a ânsia dele pela presidência sem terminar o mandato de Governador, e antes disso o abandono do cargo de Prefeito para ser Governador.
Ando muito a pé por São Paulo e também uso o sistema de transporte público do Município e do Estado (EMTU, Metrô e CPTM). Quem tem o mínimo de sensibilidade consegue perceber o atraso que sofremos no transporte em São Paulo. Não é possível que as pessoas não vejam os problemas que existem de locomoção na maior e mais rica cidade brasileira.
Costumo dizer que São Paulo não é feita para pessoas e sim para os carros (cerca de 800 licenciados todos os dias na capital), ampliam as marginais mas não melhoram o transporte coletivo, fazem novos viadutos mas não pensam em novos parques.
No trajeto que faço para o trabalho (muitas vezes a pé) passo por umas 20 ruas, a maior parte do trajeto é na Arthur de Azevedo, onde existem apenas uns 4 faróis para pedestres, contando com os 2 da Henrique Schaumann, onde você tem que correr para atravessar, pois o tempo é insuficiente para cruzar toda a rua. Na maioria do trajeto tenho que estar muito atento para atravessar as ruas, pois a sinalização só favorece aos veículos, os pedestres são como intrusos.
Essa cidade, que tem hoje o sucessor e aliado de Serra como Prefeito, é desumana, não tem olhos para os idosos, para as pessoas com necessidades especiais, para as mulheres, para ninguém. Serra fez muito muito pouco quando foi Prefeito.
Nos trens da CPTM, só quem usa é que sabe da raiva que se passa. O Metrô é excelente, mas não atende a todos, e o governo do PSDB fez muito pouco para a sua ampliação. Comparado com grandes cidades do mundo a nossa malha é uma piada de mal gosto. Quando vi as propagandas da expansão do Metrô até acreditei que alguma coisa realmente mudaria. Ingenuidade.
Saúde em SP, não atende! Quem não tem plano de saúde (grande maioria das pessoas) sofre demais com a saúde pública, mas a propaganda da campanha é boa.
Segurança, não atende! Educação, dá até vergonha. O ensino público de SP piorou muito. Saneamento, basta olhar os rios Tietê e Pinheiros, entra governo (PSDB 3X) e sai governo e eles continuam poluídos e desrespeitados. Meio Ambiente, qualidade de vida... Pergunto qual foi o trunfo de Serra na Prefeitura ou no Governo do Estado? Não é possível que haja essa cegueira e polarização (fugindo do PT ou da Dilma) caindo na candidatura do Serra, o cara não melhorou a cidade, não melhorou o Estado, vai melhorar o país???

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Campanha "Adote um Deputado"

Um dos temas que mais chateiam em nosso país e em países não desenvolvidos plenamente é certamente política. A forma como muitas vezes ela é feita nos incomoda muito e todo mundo tem uma reclamação contra um político, contra a falta de políticas públicas eficazes, administrações e a forma na aplicação do Orçamento Público.
Sempre tive em mente (para explicações mais rápidas) a função da administração pública imaginando uma historinha bem simples: supondo que “começássemos de novo”, nessa condição não haveria ainda nenhum cargo público, órgãos públicos ou qualquer organização nos serviços públicos Federal, Estadual ou Municipal. Desta forma seríamos obrigados a nos organizar desde o princípio, elegendo pela primeira vez as pessoas que seriam responsáveis por organizar os serviços comuns (ou públicos).
Se conseguirmos realmente imaginar essa situação, onde não haja organização nenhuma, e tendo que começar tudo de novo, acredito que podemos assimilar a importância de acompanhar as pessoas que elegemos para organizar nossa vida em cidades, províncias, estados, países.
Hoje em dia a impressão que tenho é que não fazemos a mínima questão de entender a função das pessoas públicas que elegemos e muito menos acompanhamos o que eles fazem.
Quando elegemos os membros das assembléias (Vereadores, Deputados e Senadores) que em tese são os mais próximos do povo, devemos ter em mente que eles são nossos representantes perante a Administração, ou Poder Executivo (prefeituras e governos estaduais e federal), fiscalizando os Orçamentos e suas aplicações nos atos dos Prefeitos, Governadores e Presidente. Sendo assim podíamos então fazer um exercício simples, a começar nesta próxima eleição e adotar um Deputado.
Com um efeito retroativo, já que a maioria de nós foi negligente até agora, não acompanhando o mandato de quem votou, podemos começar fazendo uma pesquisa para descobrir em quais temas esse Deputado se engajou, em quais projetos e propostas ele votou contra e à favor.
Se temos alguma área em específico que gostamos mais, como Meio Ambiente, Saúde, Segurança, Dívida Pública, Direito dos Idosos, Educação, Política Externa etc. podemos, para começar, pesquisar como esse Deputado que votamos se posicionou a respeito. Esse seria um excelente começo para nós, que gostamos de reclamar, tomar alguma atitude e poder reclamar com o direito de um verdadeiro cidadão.
Vejo o Brasil ainda em construção, mesmo com o avanço que sabemos nosso país sofreu, a desigualdade ainda é muito grande e ainda não vivemos num lugar justo, com serviços públicos de qualidade, sem falar de Educação. Com toda a certeza pelos impostos que pagamos, isso seria plenamente possível.
Se realmente nos importamos devemos começar a, pelo menos, acompanhar o que os parlamentares fazem. Caso contrário não temos direito nenhum de reclamar sem correr o risco de sermos apenas rabugentos alienados.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O VALOR DO 9 DE JULHO

Lembro-me de um documentário que assisti faz muitos anos na TV Cultura sobre a Revolução Constitucionalista. Muito bem feito, o documentário contava este episódio que não é só do povo paulista, mas da história do nosso país. O programa de apenas um episódio nos remetia àquela época (1932) e passo a passo ia construindo aquele conflito, responsável por mais mortes de brasileiros do que a segunda grande guerra.
Minha mãe sempre conta (que sua mãe lhe contava) que em Guararema, depois dos Legalistas (Federação) terem vencido os Constitucionalistas (Paulistas), ficou por um período uma porção de soldados de outro estado na praça da cidade, e que quando as pessoas passavam por eles, estes os paravam e, em tom sarcástico, perguntavam "Você é Paulista?". Caso a resposta fosse positiva eram caçoados e ameaçados até mudar a resposta. Aposto que cada avozinho ou avozinha tem uma história para contar sobre essa luta de Paulistas contra a Federação, de Brasileiros contra Brasileiros.
Atrocidades e o golpe de Getúlio à parte, a revolução também teve os interesses de alguns Paulistas e Mineiros contrariados, quais não admitiram ver o gaúcho Getúlio Vargas no poder. Mas o grande lance dessa história para mim é que o movimento para a revolução foi sustentado por pessoas comuns, que lutaram para a construção de uma nova Constituição (democrática) e contra a ditadura que se instituía no país. Dos estados que inicialmente estavam junto com São Paulo pela nova Constitução e contra a ditadura de Vargas, apenas Mato Grosso se manteve leal até o fim.
Acho que todos nos lembramos dos nomes Martins, Miragaia, Drauzio e Camargo (ou MMDC), ícones da revolução, mas não nos lembramos que foram vidas sacrificadas pela opressão. Estudantes que deram a vida pelo que acreditavam, não só pelo sonho deles, mas para o de todos!
E desde muito tempo a memória não é o nosso forte. Em 1950, depois de tudo que sofrera com o conflito, o povo paulista ainda apoiou Vargas nas eleições diretas. Cabecinhas...
Não quero de forma alguma parecer sectário ou defender qualquer "pseudo" soberania de São Paulo. Só quero passar por este episódio que quase não lembramos. Poderia sim postar outra história de como o egoísmo, o desejo de poder e a vaidade das pessoas são responsáveis pelos males do mundo. Ou ainda, como a comunicação de massa pode gerar conflitos e colocar grandes multidões contra ou a favor de qualquer coisa.
Muito mais teria para contar sobre esse episódio e muito pouco se ouve falar sobre ele. Hoje não sei se o feriado Paulista de 9 de Julho nos ajuda ou atrapalha a lembrar da história, mas eu não poderia deixar passar em branco. Uma revolução que vitimou (extra-oficialmente) mais de 1000 pessoas.
Qual é o valor de uma vida? À partir da resposta podemos começar a pensar no valor deste "feriado".

domingo, 16 de maio de 2010

NAVEGAR É PRECISO...

Guga (meu Pai) e Plínio em Guararema, SP
Gosto da comparação da nossa vida como se ela fosse um Oceano e nós mesmos como se fôssemos embarcações. O Oceano, cheio de maravilhas e perigos é assim como nossa vida, com tempestades, rochedos e perigos, mas também intenso, "vivo", com a possibilidade das mais belas descobertas, aventuras, formas de vida espetaculares e o desfrute da liberdade e do conhecimento a irmos conquistando.
Usando essa comparação oportuna me lembro que atravessando esse Oceano sempre contei com Faróis que me nortearam nos momentos mais difíceis, para eu não bater em nenhuma rocha, sempre chegando nos Portos em que eu queria chegar.
Os Faróis mais importantes, sem nenhuma dúvida, são os nossos pais, que desde que somos apenas uma Canoa, nos orientam, ensinam os Pontos Cardeais e nos mostram as noções básicas de navegação. Acredito que no início da nossa vida nossos pais, além de faróis,  sejam como Capitães, que conduzem por um tempo nossa embarcação até que tenhamos condições de "tocar o barco".
Meu pai, meu Capitão Mor, que sempre me ensinou pelo exemplo, sempre foi uma pessoa boa e humilde. E a humildade, infelizmente para mim, foi uma virtude que aprendi tarde a apreciar  de fato como uma virtude. Quando fui saindo da adolescência, fase essa em que você se sente uma "Lancha", veloz e potente, mas sem equipamento de navegação adequado e sem experiência. Nessa fase quando você é (no máximo) um Imediato arrogante, você sempre acha que sabe mais que um bom e velho Capitão do Mar, que já passou pelos trechos mais perigosos que você irá passar. Depois que amadureci (como se existisse esse ponto final) aprendi a admirar mais ainda meu Capitão.
Meu pai, mais do que me falar - seja honesto - ele sempre foi honesto, mais do que me falar que álcool ou outras drogas seriam como cracas e ferrugem no meu casco, ele teve e tem uma vida saudável, livre destas coisas. Na minha educação, meu pai tendo vivido o que ele me ensinava, não foi responsável por criar qualquer confusão no meu caráter em formação. O que ele me ensinava ele vivia, ele fazia.
Lembrando de momentos chave de minha vida, não fosse a boa orientação que recebi de meus pais, certamente teria danificado seriamente minha embarcação, quiçá até afundado.
Ao longo de minha vida "usei" muitos bons Faróis que me orientaram e ajudaram a construir minhas convicções: professores, figuras históricas, pessoas santas e pessoas comuns.
Aprendi também, depois de navegar por alguns anos, a identificar alguns faróis falsos, aqueles que quando você está no meio do oceano, às vezes no meio de uma tempestade, te dão uma referência, um sinal de luz. Então quando você passa a se orientar através deles, percebe que está totalmente perdido e entre rochas, que podem até te afundar. Convém neste caso uma frase de Bakunin, "É melhor a ausência de luz do que uma luz trêmula e incerta, servindo apenas para extraviar aqueles que a seguem... Quando seguimos essas luzes incertas é quando entramos numa "barca furada".
Neste ano estamos prestes a embarcar numa grande viajem (Eleições Gerais) e lamento que existam tantos faróis falsos e capitães picaretas. Minha opinião sobre a grande maioria da população é que ela continua sendo seduzida pelas luzes falsas e pelas sereias. Umas que cegam e outras que confundem.
Fiquei aliviado quando foi confirmada a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio à presidência. Alguém que sempre viveu o que pregou e que sempre esteve presente e inflexível na briga por um país justo e igual para todas as pessoas. Ele não está na mídia todos os dias, não tem recursos de empresas privadas e por isso não é comprometido com interesses menores (como os outros dois "grandes"), não é conhecido da grande massa, mas é verdadeiro, é um bom homem, uma boa referência, um bom Farol.

terça-feira, 23 de março de 2010

Educação, educação, educação!

Lembro me da resposta que Cristovam Buarque deu ao ser perguntado como o Brasil se tornaria um país de primeiro mundo: "Educação, educação e educação". Concordo, apóio e sonho com esse foco no Brasil.
Mas o tema da educação é sempre uma bandeira só para a eleição, passada a campanha, essa bandeira é colocada de canto. Não me refiro ao Senador Buarque, quem admiro, mas ao político profissional que sempre consegue enganar os menos atentos. Nós que moramos em São Paulo, que é o estado mais rico da Federação, podemos ver como a educação escolar está ficando precária, cada vez pior. Os professores, nossos mestres de outrora, pessoas que balizaram nossa educação, estão cada vez menos valorizados, tanto pelos governos como pelos cada vez menos educados cidadãos (se é que podemos chamar a massa alienada de cidadãos). Com salários baixíssimos e com o prestígio e a autonomia em baixa, a profissão de professor passa a ser quase uma missão religiosa. Em Guararema, minha cidade natal, a situação é um pouquinho melhor. Com todas as críticas que faço à administração daquela cidade, a educação é um ponto positivo, com muito a se melhorar, mas de longe a melhor da região.
Brasilzão adentro sabemos o quanto sofrem os professores e o quanto somos ainda um país de terceiro mundo. A Administração Pública (nas três esferas) esqueceu-se de bem administrar o que é público. Um exemplo, bem usado em discursos, mas nunca aplicado é o da Coréia do Sul, que investiu pesadamente em educação durante mais de trinta anos, de forma séria. Hoje eles tem o melhor ensino básico do planeta e como resultado pessoas mais educadas e um país mais desenvolvido, despontando em tecnologia, exportando cientistas.
Como ainda nem começamos qualquer passo sério nessa direção, coloco sempre mais trinta anos, no mínimo, para chegarmos a um patamar satisfatório.
E a educação que recebemos em casa? Putz, acho que essa também está bem longe do ideal, pois o que vemos por aí são pessoas bem mal educadas, egoístas acima de tudo, furando filas, desrespeitando os mais velhos, jogando lixo na rua e outras coisas lamentáveis. Gandhi certa vez disse que o pior mal do mundo era o egoísmo. Com toda certeza! Pensando só em nós mesmos é que somos capazes de cometer os maiores desrespeitos contra o coletivo.
Minha opinião é que, quanto a essa educação, independemos de governos. Entendo que é uma herança que recebemos de nossos pais ou educadores, somada a nossa "boa" índole e diria também um pouco de altruísmo e disciplina da nossa parte. Consultando o mestre Paulo Freire que disse "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo", posso resumir que temos participação na educação do nossos irmãos, não individualmente, mas coletivamente. 
Agora, e o sentimento coletivo? Quem sabe daqui a uns 60 anos...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Reciclagem de nossa postura

Estava eu, levando o "lixo" reciclável no posto de coleta de um super mercado, que fica a cerca de 500 metros de casa (pois em São Paulo ainda não existe coleta regular de recicláveis, por absurdo que pareça), quando no meio do caminho, já com os braços cansados pelo volume que se acumulou de semanas, vejo uma senhora com o porta malas de seu carro aberto, arremessando uma porção de papéis na rua, ali, bem na minha frente. Fosse minha esposa no meu lugar já teria xingado, olhado com cara feia, devolvido os papéis para a senhora, mas eu, meio tímido, numa mistura de respeito pelo grau de evolução daquele ser e o pensamento de que eu estava fazendo minha parte, só resmunguei, "que falta de educação", falando comigo mesmo.
Depois de uns passos a mais fiquei pensando se deveria ter parado, depositado todo o volume que eu carregava no chão e incluído aquela porção de papéis e levado tudo comigo (estaria "ensinando" pelo exemplo), se deveria ter falado educadamente para aquela senhora que aquilo não era prudente, certo ou educado ou ainda ter passado direto e ficar remoendo depois. Pois é, escolhi a terceira opção, quase inconsciente, mas fiz, afinal de contas minha carga estava muito pesada e eu não planejei aquele momento...
Por mais que eu respeite (ou tente respeitar) as pessoas pela forma que agem, quando se trata do coletivo, ou seja, da nossa influência na cidade, no bairro, na rua, deveria existir esse sentimento coletivo, que não existe. Muitas pessoas ainda são egoístas e pensam (quando pensam), no máximo, é só em suas famílias.
Que o poder público não cumpre o papel dele nós já sabemos, seja no âmbito municipal, estadual ou federal. Mas e nós cidadãos, estamos cumprindo com o nosso papel? Caraca meu, quando vamos perceber que estamos todos no mesmo barco???
Essa reflexão vai desde não jogar um papel de bala no chão até pensarmos em políticas públicas eficazes, para uma melhor qualidade de vida para todos. Transporte, Segurança, Saúde, Meio Ambiente, tudo isso deve estar em nossas mentes e em nossas reivindicações.
Proponho que, se virmos algo errado, nos pronunciemos sempre! Como faz um amigo meu de Guararema, SP, o Sérgio Gigli, pegando no pé da administração municipal, com fotos, e-mails, no Facebook, Blogs etc.
Imaginem se todos fizermos isso, vai ser uma revolução, uma boa revolução!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Liberdade, Igualdade e Fraternidade

Para mim Liberdade, Igualdade e Fraternidade estão entre as palavras mais poderosas, juntamente com o sentido delas. São palavras que também me inspiram e balizam meus desejos. O mais comum é associar essas palavras à revolução francesa, que teve como lema esses três pilares. Pouca gente se dá conta, mas as cores não são mais somente o azul, o branco e o vermelho. Existe um universo de cores bem maior e está "acontecendo" aqui na América Latina, no nosso vizinho mais pobre economicamente, na Bolívia.
Já escutei muita gente falando ferozmente contra Evo Morales. Muita gente, é obvio, influenciada pela condução de mentes que provoca o jornalismo comercial da Veja, da Globo e dessa mídia tendenciosa, que é a que nos bombardeia por todos os lados, sem trégua.
Lembro quando a Bolívia nacionalizou a produção de gás e petróleo no país. Escutei até que o Brasil deveria bombardear o país vizinho (deve ser influência dos filmes estadunidenses). Se tivéssemos estudado a história dos países vizinhos saberíamos o quanto a Bolívia sofreu e foi explorada por empresas estrangeiras, chegando quase a ter toda sua água privatizada.
Ninguém se deu conta, mas naquele momento a Bolívia começava a reconquistar sua LIBERDADE.
Ainda é comum escutarmos piadas preconceituosas sobre o "índio" que virou presidente, inclusive em programas de TV brasileiros. Que foda! Povos indígenas, representantes das mais ricas culturas, muitas destruídas e apagadas desde o Alaska até a Terra do Fogo pela dominação européia, são os primeiros habitantes deste continente e ainda são tratados como povo de segunda classe.
Desde o início de seu governo Evo Morales, que é da etnia Aymara, tenta compor seu governo com representantes de todas as etnias e povos da Bolívia. Agora em janeiro, início de seu segundo mandato, disse ele ter realizado um grande sonho ao ter um governo com equidade de gênero. Dez mulheres estarão ao lado de dez homens no primeiro escalão do governo daquele país, dando ao mundo um belo exemplo de IGUALDADE.
Para quem gosta de falar de economia, como resultado de diversas ações (também aquelas sobre as multinacionais) a Bolívia cresceu em média nos últimos quatro anos cerca de 4,5% ao ano. Conseguiu também o perdão de U$ 1 bilhão de sua dívida externa junto ao BID. Esses dividendos foram fortemente direcionados para programas sociais. O que muitos chamam de populista está salvando a vida e dando dignidade ao um povo esquecido por séculos.
Realizando essas políticas públicas, que olham para os mais humildes do país, beneficiando aposentados, mães carentes que estão amamentando e famílias que mantêm crianças e adolescentes na escola, o governo boliviano está protagonizando a verdadeira FRATERNIDADE.
Essa revolução ainda não está nos livros de História, talvez porque ela não tenha glamour!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sobre "Reality Shows" e Terremotos

Aos poucos vou me libertando de uma coisa que sempre me incomodou, a apatia das pessoas diante dos males do mundo. Acho que faz parte do amadurecimento você deixar de se importar com o que os outros não fazem e passar a fazer alguma coisa.
Hoje respeito mais as pessoas. Dentro do princípio do livre arbítrio e da liberdade (é quase redundante) tenho que respeitar o que cada um escolhe, não cabendo a mim julgar. Que autoridade tenho para isso? Nenhuma!
É lógico que me deixaria muito mais feliz se ontem as pessoas tivessem falado e sentido mais emoções sobre o que ocorreu no Haiti do que sobre a estréia do Big Brother. Ah isso me deixaria mais perto do mundo que considero ideal! Que as pessoas procurassem saber como ajudar a Cruz Vermelha e não ligassem para decidir quem seria eliminado no programão. Pow, como seria legal, mas isso ainda não acontece...
Com essa "ficha" que me caiu me sinto mais leve, me irrito menos e, pensando bem, não teria outro caminho, pois me tornaria um implicante (maior) se ficasse cutucando aos meus irmãos para que tomassem alguma atitude.
Reproduzindo um trecho da carta que uma ilustre brasileira deixou antes de sua partida, que resultaria em seu passamento, ao Haiti, quero me inspirar:
"...no mês que vem [janeiro] tem mutirão em busca das gestantes. Comece desde já a organizar o mutirão em sua comunidade. Fique sempre de olho nas novas gestantes. Seu apoio é muito importante para que elas tenham uma gravidez saudável e feliz"
Zilda Arns (1934-2010)

domingo, 10 de janeiro de 2010

Por que o caça francês?

Em primeiro, quanto ao re-aparelhamento das forças armadas, na minha opinião, não se trata de nos tornarmos uma potência belicista, trata de termos as condições mínimas de proteger nosso país contra as aventuras de algum líder, "presidente da guerra". Sabemos que apenas um dos porta aviões de grande porte de uma das maiores potências da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), por exemplo, poderia equiparar-se em poder de fogo ao de (todos) nossos aviões de defesa. Logo, isso é um sinal de que estamos defasados.
Para quem está acompanhando e se interessa pelo assunto, segue um link do YouTube sobre uma palestra de um Brigadeiro da área de Pesquisa e Desenvolvimento do CTA (São José dos Campos, SP) em 2008.
Palestra sobre Pesquisa e Desenvolvimento (CTA-SP)
Sabendo-se que o SAAB sueco tem grande parte da sua tecnologia estadunidense, fica forte a questão da defesa pela proposta francesa que, concordo, poderia ter um preço melhor. Lembremos também que os EUA não nos passam até hoje muitas das especificações do F5 comprados (há décadas) pelo Brasil, imaginem para aviões modernos, como o F18.
(foto: Tucano da Força Aérea Francesa)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Se a Polícia é um braço do Governo, temos que começar pelo cérebro...

Sempre converso com minha esposa sobre a organização que vimos em outros países, sobre a educação, limpeza e outras coisas estruturais que países de primeiro mundo atingiram. Tivemos a oportunidade de morar fora, ela na Inglaterra e eu na Austrália e conhecer alguns outros países. Mas o engraçado é que nunca me imaginei vivendo por muito tempo num país destes chamados desenvolvidos e sempre defendi que temos que "construir" o nosso país, valorizando o que temos de bom.
Hoje, vendo as imagens do protesto contra o aumento da tarifa de ônibus no centro de São Paulo, pela primeira vez, tive saudade do tempo que vivi na Austrália. Vendo as imagens da polícia paulista reprimindo os manifestantes, com bombas, spray de pimenta e cacetadas, me lembrei de diversos protestos que vi em Sydney, onde os manifestantes eram acompanhados pela polícia ao longo da George Street (principal avenida da cidade) e os policiais organizavam uma faixa para que os manifestantes pudessem circular por todo o trecho central da cidade. Algumas vezes os protestos paravam aquela avenida por horas. Protestos de imigrantes, de estudantes, contra o governo australiano, contra o partido comunista chinês, contra o massacre em Mianmar. Vi todo tipo de protesto, alguns bem de perto. Quando os manifestantes se movimentavam os policiais acompanhavam o protesto, mas nunca vi um ato de violência para esses protestos.
Agora pouco, olhando a foto no UOL Notícias, de um policial com uma arma de fogo na mão, me deu até um frio na espinha. Sem contar as outras imagens de violência da polícia. Segundo a reportagem de Guilherme Balza não houve violência por parte dos manifestantes.
Que existem muitos maus policiais nós sabemos, como existem maus médicos, professores ou quaisquer profissionais de qualquer outra classe, mas sempre tive muito respeito pela Polícia Militar.
Mas como a Polícia é um dos braços do governo, neste caso o municipal amparado pelo estadual (pois a nossa polícia equivocadamente é estadual), tenho certeza da diretriz passada pelo Prefeito, aliado político do Governador de São Paulo. O ritmo destes policiais foi direcionado já no quartel e os soldados já saíram com sangue nos olhos, deixaram a dignidade em casa.
Falta civilidade, falta humanidade, falta educação, falta governo. Devemos protestar sempre!!!
Foto de protesto em Sydney, Austrália. Na principal avenida da cidade a Polícia acompanha os manifestantes.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Chuva triste

Depois de ouvirmos e vermos as notícias de centenas de mortes, milhares de desabrigados e todo tipo de notícia ruim sem fim, sempre queremos achar um culpado para quem despejar nossa indignação.
Em Guararema, SP, onde nasci e cresci, o estrago foi grande, com fatalidades inclusive.
Na minha opinião na maioria das vezes existe um culpado sim, um administrador público (ou uma sequência deles) que não pensou em planejamento, que não deu bola para a fiscalização e permitiu a construção de casas em lugares impróprios. Pois é, mas agora a culpa é da Natureza!
Mas penso também que o momento para este embate não é agora. O momento é de colocar no congelador aqueles pilantras que poderiam ter evitado isso e olhar para quem foi atingido. Agora é hora de solidariedade, de oferecer ajuda a quem precisa. Um colchão, um alimento e se possível até um abrigo para quem ficou sem.
Mas esse também é um momento de alerta. Alerta para um planejamento responsável para as cidades atingidas. Momento de se lembrar que de tempos em tempos a Natureza cobra seu espaço.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Para que viemos! Para onde vamos!

Como última postagem deste ano quero fazer uma reflexão mais profunda e ousada. Aproveitando esse clima de amor ao próximo, vamos lá!
Estava relutante em escrever ou passar pelo tema do "sobrenatural” ou o Sagrado, pois isso gera muitas diferenças e animosidades, mas faz parte do nosso cotidiano e fez parte marcante deste ano para mim.
Até pouco tempo eu ainda me perguntava qual é o "fio da meada" ou qual o sentido da vida. Somos apenas o fruto de milhões de anos da evolução ou divina criação de Deus?

Por algum tempo oscilei perto do ateísmo, eu era a maior parte do tempo um agnóstico, achando que isso eu nunca iria saber.
Hoje creio em Deus! De uma forma diferente da que eu cria enquanto adolescente ou tempos atrás, mas agora creio definitivamente!
Sempre tentei achar esse caminho, estudando, perguntando e frequentando diferentes templos. Fui achá-lo do outro lado do mundo, em uma viajem que me trouxe um prejuízo financeiro enorme mas um crescimento impagável em muitos setores da minha vida. Não precisaria talvez ter ido tão longe, pois a resposta sempre esteve perto de mim (ou dentro de mim) enfim, as coisas foram como foram.
Ainda quando eu duvidava da existência de Deus eu pensava comigo mesmo: se todos se tratassem com amor e respeito nossa convivência na Terra seria melhor (eu nem me dava conta, mas Cristo já tinha dito isso). Uma religião que estudei diz, se todos se amarem como uma mãe ama a um filho, viveríamos uma revolução e o mundo estaria perto da perfeição. É um pensamento bem simples e verdadeiro, mas difere daquele em que Deus nos castiga se fizermos algo errado, o que sempre me incomodou e que, na minha opinião, nos leva a um lugar distante do altruísmo, do verdadeiro amor.
Concluo também que crer em Deus ou não, não muda o caráter de uma pessoa. Em exemplos extremos, gênios anarquistas (como Bakunin) amantes da humanidade, por princípio eram ateus. Outros (Hitler, Bush e reis cruzados) sempre usaram o nome de Deus para promover guerras, cometendo as mais terríveis atrocidades e genocídios. Ainda acredito que as nossas ações, boas ou ruins, terão consequências, mas isso está longe de ser um castigo ou recompensa (como aprendemos em algumas doutrinas que se intitulam cristãs). Acredito que se você coloca pedras demais no seu carrinho de mão ele fica pesado de se carregar. É uma consequência lógica.
Sempre fiz o exercício de tentar amar a todos, indistintamente, mas ainda perco a paciência, sou preguiçoso, vaidoso e tudo isso me impede de ser um humano melhor. Em todas as minhas preces peço perdão por tudo isso. Quero crer que estou evoluindo, mesmo que devagarzinho, mas isso não tem sido suficiente. Mesmo assim começo a entender para que eu vim e para onde eu vou.

Na prática, para concluir, hoje li no informativo do MST que, segundo a ONU, cerca de 1 bilhão de pessoas está faminta. Isso é um sexto da população mundial. E o que eu fiz para mudar isso?

Que em 2010 eu possa ir para o choque!
As-Salamu Alaikum - Que a paz esteja com você!

sábado, 26 de dezembro de 2009

Para que serve o governo?


Henry David Thoreau - O rebelde de Concord
Afinal, o que esperar do governo, seja ele federal, estadual ou municipal?
Ideologicamente concordo com Thoreau: "O melhor governo é aquele que menos governa". Ou seja, deveríamos esperar o mínimo possível ou nada dos governos, pois estaríamos aptos a nos autogerenciar. No entanto um modelo anarquista de gestão, aquele onde a sociedade é quem gere, me parece distante.
Ainda vemos (como isso é triste para mim) o quanto as pessoas são dependentes de um salvador, de alguém que diga o que precisamos fazer ou como devemos agir. Ou até mesmo esperamos por aquela pessoa que faça por nós o que temos que fazer. Isso é o cúmulo da preguiça ou da apatia e a maioria se encontra nesse “nirvana”.
Já que estamos num modelo de gestão onde escolhemos os governantes e, teoricamente, eles administram e zelam pelo bem de todos, deveríamos então prestar a nossa atenção a como eles estão fazendo isso. E pergunto, fazemos isso? Puta vida, pouca gente faz! A maioria fica reclamando. Desculpe, mas isso me irrita.
Nesse modelo, não anarquista (infelizmente para mim), a dita sociedade deveria acompanhar os mecanismos, deveria saber sobre orçamento público, começando pelo municipal. Deveria pelo menos, como o mínimo dos mínimos, “adotar” um Vereador para acompanhar o mandato. Caso contrário é entregar o ouro aos bandidos. E isso todo mundo concorda, está cheio de bandidos no poder público, salvo raríssimas exceções.
Concluindo, o governo serve para governar! E nós, concordamos em ser governados? Dessa forma???

WWF

Descubra quanto de Mata Atlântica existe em você!

Arte para Crianças e para todos!

Algumas Preferidas!

Arquivo Algumas Preferidas

# (Brasil) Luiz Gonzaga - Programa Radiola
# (Jamaica) Skatalites - Guns of Navarone
# (Chile) Illapu - Que Broten las Palabras
# (Canada) Rush - The Trees
# (Brasil) Paulinho da Viola - Foi um Rio que passou em Minha Vida
# (Austrália) Hoodoo Gurus - Come Anytime
# (Brasil) Toquinho - O Caderno
# (Austrália) Midnight Oil & Warumpi - Blackfella-Whitefella
# (EUA) Tracy Chapman - Fast Car
# (Cuba) Buena Vista Social Club - Chan Chan
# (Inglaterra) Yusuf Islam (Cat Stevens) - Morning Has Broken
# (EUA) Moby - Lift Me Up
# (Russia) Tchaicovsky - 1812, Abertura
# (Mali) Salif Keita - Moussoolou
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MESTRES

"As qualidades ou virtudes são construídas por todos nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e o que fazemos"

(Paulo Freire)

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"Desfruta a terra, mas sem possuí-la. Por falta de iniciativa, os homens estão onde estão, comprando e vendendo, desperdiçando a vida como escravos."

(Henry David Thoreau)

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“É melhor a ausência de luz do que uma luz trêmula e incerta, servindo apenas para extraviar aqueles que a seguem.”

(Mikhail Bakunin)

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“Mais do que amor, do que dinheiro, do que religião, do que fama, do que justiça, me dê a verdade.”

(Henry David Thoreau)

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"Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?"

(Guimarães Rosa)

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“Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.”

(Gandhi)

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"Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante."

(Albert Schwweitzer)

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"Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor."

(Salvador Allende)


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